Eu nunca conseguia manter contato
por muito tempo com esses que caracterizei como sendo meus verdadeiros
professores. Todos eles acabavam por adquirir algum vício – sendo esse vício
tanto químico quanto comportamental, nos dois casos os verdadeiros problemas
eram simplesmente ignorados, abandonados, para que em seu lugar surgisse uma
condição superficial e aceitável de existência -, ou se suicidavam, ou eram
diagnosticados como possuindo os mais variados problemas, que lhes rendiam
receitas médicas intermináveis, fazendo com que os remédios os tornassem
zumbis, fazendo com que as questões complexas e os sentimentos avassaladores
fossem abandonados de imediato. Logo após um breve período, todos eles perdiam
por completo suas características profundas, lindas e incomuns, restando apenas
o rosto apagado daquilo que um dia foi um verdadeiro ser humano. Sempre que
encontrava essas pessoas raras e passageiras, tentava absorver o máximo de
conhecimento possível, tentava me aproximar delas da forma mais abrangente e
sincera, desvendando tudo o que tinha para ser descoberto, de forma acelerada e
ininterrupta, pois meu tempo com esses seres raros era sempre limitado,
escasso, nunca demorava muito para que eles se perdessem por completo.
Percebendo
a fragilidade da nossa mente, não mais repudiei os intelectuais universitários
em demasia. Percebi o quanto é perigosa a verdade, o quão facilmente ela pode
destruir uma pessoa, mesmo sendo essa pessoa a mais forte de todas. Por um
momento eu valorizei a moral, artifício esse que permitia os homens se manterem
na superfície do intelecto, sem se arriscarem em demasia. No entanto, por mais
que sentisse medo de mergulhar no intelecto, não conseguia suportar os
conceitos morais e as teorias que tinham muito pouca relação com a realidade;
não consegui suportar os universitários fazendo discursos sobre o certo e o
errado, sem qualquer tipo de sentimento ou relação profunda, como se esses
conceitos fossem a mesma coisa, nada além do que regras sem relação nenhuma com
a existência. Por mais que eu sentisse medo, decidi não possuir uma existência falsa
e superficial; a busca pela verdade passou a ser meu objetivo mais profundo.
Em
meio à minha mais recente resolução, às vezes me perguntava: quanto de verdade
serei eu capaz de encarar sem que me destrua, assim como um de meus verdadeiros
professores?
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