Antigamente, os símbolos definiam coisas divinas, que se situavam para
além da nossa percepção, do nosso conhecimento; os conceitos e parâmetros eram
regidos através desses símbolos insondáveis. No classicismo, esses símbolos
tornaram-se determináveis, denominando parâmetros naturais e que poderiam ser
analisados. Os conceitos se formam em torno desses símbolos; nossa percepção
parece apenas notar e assimilar àquilo que esteja, de alguma forma, relacionado
a um símbolo pré-estabelecido.
Os símbolos (as palavras) têm uma relação de semelhança na mente das
pessoas, fazendo emergir conceitos profundos, proporcionando o entendimento de
expressões por intermédio da associação do que é dito com o que já vivenciamos,
já sentimos, já percebemos. O estudo da linguagem normatiza essas associações
geradas pelos símbolos, assim como o dinheiro normatiza as trocas, que têm como
elemento mais profundo a necessidade.
A evolução da linguagem nos permite elaborar discursos mais precisos, que
podem ser assimilados pelas pessoas, permitindo-as a função crítica, onde antes
— por causa da falta de clareza no discurso — apenas havia o
comentário. Quem sabe, um dia, possamos expressar todas as coisas de forma
clara e precisa, não mais dando possibilidade para que se façam críticas e
comentários sobre as palavras utilizadas para que fosse transmitida uma ideia.
A linguagem permite que as pessoas expressem o que sentem; a gramática
existe para que as pessoas possam se comunicar, conseguindo expressar e
suscitar sua subjetividade em outrem. Através da linguagem, podemos estudar a
evolução das ciências e da interação do homem com o meio. A gramática geral
estuda as relações das linguagens com as coisas e sua identidade em relação aos
idiomas primordiais; ela também compara as linguagens, uma com as outras.
A comunicação só é possível através dos verbos, eles nos possibilitam
expressar o que sentimos nas profundezas do ser. O verbo expressa condições de
tempo e a condição que a pessoa se encontra. Eles são o elemento principal da
linguagem, possibilita-nos a comunicação; sem eles, ainda estaríamos urrando
palavras que não expressam nada.
O verbo é o principal elemento da linguagem, mas se ela fosse constituída
somente por verbos, teríamos um vocabulário gigantesco, que complicaria muito a
expressão do que sentimos; para evitar esse problema, foram instituídos os
sujeitos, os adjetivos, e vários outros elementos da linguagem, que, quando
articulados e utilizados no discurso, eliminam a necessidade do uso de um verbo
em particular para designar determinada maneira de sentir, de ser. O modo como
as palavras foram criadas, remetem, em grande parte, ao que querem dizer, ao
que realmente expressam; cada vogal é capaz de conter uma imensa linha de
ligações ocultas; podemos constatar isso quando feita uma indução reversa, rumo
aos primórdios da linguagem.
Nos primórdios da linguagem, os acontecimentos eram utilizados como
comunicação. Gritos de dor, choro, riso, etc. A linguagem toma como base esses
elementos de comunicação primitivos, utiliza suas construções como referências
relacionadas a esses primeiros modos de comunicação. Uma linguagem mais
primitiva como o hebraico, tem as suas palavras diretamente extraídas das
situações cotidianas. Não podemos negar que toda a linguagem tenta se
aproximar, o máximo possível, da natureza das coisas; quando não se aproxima,
torna-se ineficiente.
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