De acordo com Jung, todos os seres humanos possuem projeções que amenizam
e tornam suportável a nossa existência. Para ele, essas projeções — que
poderiam ser caracterizadas como ideais que prometem satisfazer os nossos
desejos profundos e inverificáveis — devem ser elaboradas em relação a
objetos externos longínquos, que não podem ser experimentados por nós. Jung
afirma que a desconstrução de um arquétipo acorre quando o conteúdo do mesmo acaba
por ser experimentado por nós, dessa maneira não mais sendo um conteúdo
inexplorado e desenvolvido estritamente pela imaginação, mas sim se tornando um
ideal acessível à consciência e todo o seu senso crítico e sua desconstrução e
invalidação sistemática dos parâmetros. Essa percepção consciente nos permite a
reordenação do conteúdo do arquétipo, que não mais poderia ser utilizado como
ideal que ameniza nossos impulsos mais profundos e desesperadores; nesse caso,
para que o arquétipo continue a existir e nós não nos deparemos com o potencial
absurdo e desesperador das profundezas do nosso intelecto, é preciso que
estabeleçamos arquétipos inverificáveis, que podem permanecer para sempre como
ideais que não permitem que nos deparemos com a assustadora profundeza
selvagem, insaciável e potente do nosso intelecto.
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