Na
maioria dos dias tenho que tomar cuidado, atentar-me, mais do que nunca, às
minhas ações e verificar, de modo racional, as possíveis consequências dos meus
atos. Essa preocupação redobrada se faz necessária nesses dias, onde me sinto
possuidor de uma energia ilimitada, que borbulha dentro de mim espalhando-se
para todas as partes do meu corpo e fazendo com que eu aja impetuosamente,
potentemente, ultrapassando, e muito, as minhas condições físicas e
intelectuais; nesses dias, sinto como que preparado para um esvanecer
espontâneo, pronto para me pulverizar em prol de uma causa que atraia toda essa
energia que parece ser muito, mas muito mesmo, maior do que eu.
Quando me encontro nessa condição, que está se tornando cada vez mais recorrente, meu
coração bate em um ritmo selvagem, não consigo ficar parado e quando falo emito
um som de trovão, um som gutural, que vem direto da alma e expressa, sem a
necessidade de palavras, tudo aquilo que sinto. Quando me distraio, nem que
seja por um momento, meu corpo começa a se mover involuntariamente,
acompanhando o ritmo de um fluxo interno intenso, minha respiração se torna
rápida e ofegante e é preciso que eu me concentre novamente, para conter todo
esse ímpeto profundo, voraz e selvagem.
Por
causa dessa iminência (que se tornou constante) de me consumir por completo, sucumbindo perante uma força
muito maior do que eu, é preciso que eu redobre minha atenção e estabeleça, de
forma racional, as minhas limitações. Um corpo elétrico é uma bênção e uma
maldição, ao mesmo tempo.
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