segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Deuses e monstros

            A bondade dele era contagiante, radiante, aconchegante. Sua expressão transmitia uma áurea santa, dotada apenas das qualidades mais nobres, evoluídas e altruístas. A sensação que ele incitava nas pessoas à sua volta eram sempre as melhores, fazendo emergir, das profundezas do intelecto, as melhores características, as impressões mais satisfatórias e belas.
            Sua constituição impecável, que possuía apenas os pensamentos mais belos, encantava as pessoas mais exigentes e sensíveis, que sempre eram as mais belas e inacessíveis.
            A admiração em demasia, que até os seres mais evoluídos nutriam por ele, não veio sem consequências maléficas.
            Todos os seres limitados, egoístas, mesquinhos e de espírito diminuto e preguiçoso, que ansiavam por manter relações unilaterais com aquelas pessoas que encantavam a todos, sentiam-se inferiores ao indivíduo que era estimado por todos, e isso incitava uma onda de ódio que era compartilhada por todas as pessoas mesquinhas. Além disso, os seres limitados se sentiam pessoalmente afrontados por aquele ser que eles tanto odiavam; quando interagiam com ele, sentiam um resquício de indiferença durante o momento em que tentavam expor suas histórias pedantes, que eram contadas com o intuito de impô-los e fazer com que se sentissem superiores a todas as pessoas.
            Nesse contexto, elas analisavam todas as ações daquele ser tão estimado e interpretavam de forma abjeta todos os seus atos, característica essa que lhes permitia construir uma imagem ridícula em suas mentes, desse modo curando seus gigantescos egos, que se sentiam diminuídos e afrontados por aquele ser.

            Amado por poucos e odiado por quase todos; essa é a sina dos santos.

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