Sentado
ao seu lado, observo as ruas, que vão se renovando de maneira tranquila,
serena. Você mantém o carro em velocidade baixa, e mais uma vez parece estar
alheia a tudo, explorando o seu mundo particular, esse mundo grandioso,
complexo e lindo.
Você
é espontânea, como nunca vi igual. Tudo com o que interage parece combinar
perfeitamente, como se os objetos aguardassem sua presença para finalmente se
tornarem plenos. Cada movimento é harmonioso e encantador.
De
vidros abertos e sentindo o vento tocar a face, tudo acontece de uma forma
revigorante, é tudo lindo. Pude perceber que nunca havia vivido; finalmente a
vida havia se revelado a mim; fui puxado violentamente para fora da minha
individualidade mesquinha, e caí no mundo, sendo ele belo e cheio de
possibilidades.
Não
consigo me distrair de você por muito tempo, então volto a olhar-te; ação que
também não consigo manter por muito tempo, pois a embriaguez dos sentidos
começa a aumentar, cada vez mais, e mais... Um superfluxo toma conta de todo o
meu corpo, é tanta energia que sinto a possibilidade de uma explosão iminente.
Então, desvio o olhar novamente. Dessa vez, observo os pedestres caminhando
tranquilamente, e não sei por que, parecendo muito diminutos, impotentes. Dão a
impressão de que para eles a vida limitada e pesada em demasia; de semblante
sério, vão andando alheios a tudo à sua volta, encerrados em preconceitos
particulares e pensamentos ressentidos. Alguma coisa grandiosa está acontecendo
bem ao lado, mas eles são incapazes de perceber. Será que eles percebem alguma
coisa? Viro-me para falar sobre isso, mas, de repente, deparo-me com você, em
toda a sua grandeza, harmonia, potência... Acabo por esquecer o que iria falar,
e permaneço em silêncio, extasiado, encantado, pleno!
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